Olá pessoal! Tudo bem com vocês?
Quando dividimos, além de somar, multiplicamos. Podemos dividir funções, tarefas, dificuldades, conquistas, medos, inseguranças e objetivos. Para isto, é necessário criar um espaço de troca, estímulo e confiança. Quando dividimos algo com alguém, na maioria das vezes, esperamos uma resposta “x” e, se não tivermos, cobraremos. Criamos expectativas que estão diretamente relacionadas com nossas frustrações. Dividir é uma forma de pedir ajuda para resolver ou amenizar uma situação.
Convido vocês para lerem o texto de Rubem Alves, sobre jogar tênis e frescobol, que diz o seguinte: “Tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir a sua cortada. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora dele. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro. O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra – pois o que se deseja é que ninguém erre. O que errou pede desculpas, e o que provocou o erro se sente culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos.”
Metaforicamente, existem relações do tipo tênis e do tipo frescobol.Relações “tênis” se baseiam em conflitos, disputas em que, geralmente, um está certo e o outro errado. São relações em que o poder e a competição imperam. O prazer do outro é realmente complicar e não facilitar.
Já as relações “frescobol” são reconhecidas pelo cuidado, zelo, afeto e por facilitar a vida do outro. O nível de flexibilidade, tolerância e dedicação para que ambos cresçam e se desenvolvam, aumentam a admiração e intimidade. O prazer consiste na entrega, cumplicidade e na dedicação que ambos tem um com o outro.
Mas o que isso tem a ver com divisão de papéis e tarefas? Vejam só, quanto maior o nosso nível de confiança, maior é a nossa capacidade de dividir funções ou tarefas. Quando dividimos, entregamos ao outro algo que é nosso. Para que a atividade seja feita, é necessário comprometimento, empatia e afeto. Pode ser que seja uma atividade que eu não goste, mas isso não me dá o direito de não fazer. Quanto maior o seu nível de intimidade e dedicação para com o outro, mais disposto e atendo você estará.
Quanto mais alinhado os dois estiverem, mais preparados e colaborativos estarão. Sempre que houverem novas funções ou tarefas, deve acontecer uma conversa para alinhar novos comportamentos e estratégias. Cultivar uma comunicação clara e transparente das etapas do ciclo de vida do casal, garantirá anos de relacionamento. Ao dividir uma função ou tarefa, você primeiro precisa saber o que quer, o que é importante e qual impacto na relação. Não adianta cobrar sem ter explicado. O que é óbvio para você pode não ser para seu parceiro.
Afinal, amar é se conectar com o outro, criar novas possibilidades, enfrentar as adversidades e ter clareza que um dos segredos para ter relacionamentos duradouros é a entrega e o encaixe de duas vidas em busca de cultivar o amor. Quando amamos, o nível de tolerância, flexibilidade, conexão e cuidado se fazem presentes. Com isso, o casal cria formas para não sobrecarregar um ao outro. A divisão de função ou atividade acontece de forma criativa e madura. Além da relação, cada um ganha e o amor se multiplica.
Lembre-se: ao invés de mandar, exigir e cobrar existem formas mais cuidadosas e eficazes para conversar. Se você está sobrecarregado(a), tenha certeza que a responsabilidade é sua para mudar esse cenário.
Ótima reflexão!